
Do Big Data à Inteligência Artificial: seguradoras aceleram inovação para enfrentar o clima imprevisível no Brasil
- 13/05/2025
O aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos no Brasil tem colocado à prova a capacidade de adaptação das seguradoras. Enchentes, secas e tempestades, cada vez mais imprevisíveis, exigem respostas rápidas e inovadoras das empresas para proteger tanto seus negócios quanto os consumidores. Para enfrentar esse novo cenário, o setor aposta em tecnologia, análise de dados e estratégias de prevenção.
“Apesar de lidarmos com questões imprevisíveis, o seguro sempre foi um negócio de reconhecimento do risco”, afirma Eduard Folch, CEO da Allianz Seguros no Brasil. Ele explica que a companhia tem investido em modelagem para mapear riscos oriundos de fenômenos como secas e alagamentos. “Onde estão situados os riscos e quais as probabilidades de o sinistro acontecer? Esse conjunto de informações nos ajuda a lidar com os fenômenos da natureza e os riscos catastróficos”, diz.
Na Porto, a resposta passa por reforço operacional e inovação. “A gente tem caminhões preparados para grandes enchentes. Temos moto aquáticas e barcos para acolher e tentar, de forma rápida, dar uma resposta para uma necessidade, como enchente”, relata Emerson Valentim, diretor-executivo comercial da empresa.
Ele destaca ainda o investimento em comunicação preventiva: “Criamos no nosso aplicativo um alerta de tempestades que não está só voltado na geolocalização da pessoa. Em regiões próximas, que são litorâneas e mais turísticas, avisamos que aquela região está passando por um ponto de preocupação para aquela pessoa que está na capital também ficar ciente”.
A Porto também aposta na sustentabilidade, com a Renova Ecopeças, recicladora de peças de veículos sinistrados, que oferece peças de reposição a preços acessíveis.
Tecnologia de ponta
A tecnologia surge como aliada indispensável. André Cordeiro, superintendente de Estratégia de Mercado, Qualidade e ESG da Tokio Marine, destaca o uso de big data e inteligência artificial para mapear áreas de risco e agilizar o atendimento aos segurados. “As seguradoras sempre se pautaram em dados para a continuidade de seus negócios e, agora, não será diferente”, afirma.
Segundo Medici, isso garante ao cliente “mais acesso à informação que permite a prevenção quando necessária, e uma recuperação muito mais rápida das suas perdas”. Para o setor, a executiva ressalta o compromisso de “evoluir junto com os modelos de precificação, garantindo coberturas que realmente protejam – de forma viável e acessível – o bem do cliente”.
Felipe Nascimento, CEO da Mapfre, reforça a importância da modelagem de riscos diante de padrões climáticos cada vez mais imprevisíveis. “Investimentos em tecnologia e práticas comerciais mais sustentáveis são mandatórios. As novas tecnologias auxiliam ao fornecerem rapidez e eficiência nas análises e no processo de gerenciamento de risco”, afirma.
Ele cita o uso de sensoriamento remoto, drones e sistemas de informação geográfica, que “podem ajudar na elaboração de mapas topográficos capazes de indicar as áreas mais vulneráveis e na identificação de melhores rotas de evacuação dentro de um plano de emergência”. Segundo Nascimento, softwares de inteligência artificial já são capazes de identificar imagens de infraestrutura danificadas compartilhadas em redes sociais, facilitando o resgate e a assistência às vítimas.
Seguros na COP 30
Iniciativa inédita no setor, a “Casa do Seguro” funcionará como uma central de discussões, com conexões entre o mercado de seguros e os demais setores econômicos, estimulando a convergência entre agentes públicos e privados, com ampla participação da sociedade civil.
A agenda da Casa do Seguro estará focada no papel do setor na gestão de riscos climáticos e no financiamento de iniciativas sustentáveis.
Na programação, destacam-se:
- debates e painéis temáticos;
- fóruns em parceria com entidades setoriais, organizações internacionais e contrapartes estrangeiras da CNseg;
- reuniões bilaterais;
- apresentação de produtos e serviços; e
- atividades culturais.
Alguns eixos vão pautar a agenda da Casa do Seguro, como a proteção social e dos investimentos, as finanças sustentáveis, a infraestrutura resiliente, a inteligência climática, seguros & agronegócio, a descarbonização da frota brasileira e como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável.
Para o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o mercado segurador tem um papel de destaque na transição para uma economia mais verde e resiliente, e a atuação do setor na COP30 refletirá a importância de suas contribuições, em um cenário de agravamento das mudanças climáticas.
“A Casa do Seguro será uma vitrine do nosso papel como facilitadores de inovação e mitigadores de riscos climáticos, reforçando nosso compromisso com o futuro sustentável do planeta. Esse projeto é o ponto alto de uma estratégia de posicionamento do setor segurador nas discussões climáticas que ganhou maior expressão a partir de 2023, na COP28, em Dubai, e estabelecerá um marco em Belém”, afirma.