COP30 vai reposicionar Amazônia no debate do clima, diz presidente da Associação Comercial do Pará
- 16/07/2025
A atuação do setor de seguros na transição climática é de fundamental importância, avalia Elisabete Grunvald, presidente da ACP (Associação Comercial do Pará), a segunda entidade empresarial mais antiga do Brasil, fundada em 1819.
No cargo desde 2022, a representante ressalta que o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores voltados à mitigação de riscos, adaptação e investimentos em projetos sustentáveis são medidas essenciais para que o setor de seguros contribua decisivamente neste “grande mutirão global”.
Elisabete destaca que a decisão da CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras) em levar a “Casa do Seguro” para Belém durante a COP30 evidencia o compromisso do setor com a discussão e a busca de soluções para a sustentabilidade e a transição climática. “A ACP tem orgulho de ser parceira da CNSeg, por reconhecer a importância do setor de seguros não só para o mercado paraense, como para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma.
COP30 em Belém
A COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima — será realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro de 2025. O evento reunirá representantes de quase todos os países do mundo para definir ações globais relacionadas às mudanças climáticas, e marca, segundo o governo brasileiro, um novo ciclo para a Amazônia, colocando Belém no coração do debate sobre o futuro do planeta.
A presidência da COP30 será exercida pelo Brasil, que pretende lançar iniciativas como o fundo de US$ 125 bilhões para conservação de florestas tropicais. Belém receberá cerca de 50 mil delegados internacionais, o que exige mudanças estruturais e logísticas sem precedentes na cidade.
Impactos econômicos e sociais
Segundo Elisabete Grunvald, a COP30 já catalisa mudanças profundas para a região. “Já estamos vivendo outra realidade econômica. Grandes empresas e investidores estão com os olhos voltados para Belém, com foco na inovação e na bioeconomia como nova matriz econômica. Temos evidenciado essa nova realidade e estimulando o setor produtivo a acreditar e investir.”
A expectativa é de um aumento significativo no faturamento das empresas paraenses, impulsionado principalmente pelo crescimento do turismo e da movimentação econômica durante o evento. Estima-se que a cidade terá um acréscimo de até 85 mil visitantes nas duas semanas da COP, beneficiando o setor de serviços, comércio e acomodações.
“O grande legado da COP30 será a maior consciência ambiental, o fortalecimento da bioeconomia, a inclusão do Pará na rota do turismo internacional e o reposicionamento da Amazônia no debate global sobre o futuro do planeta. A maioria das nossas ações está voltada ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas, que são a base da nossa economia, estimulando inovação, sustentabilidade e inclusão social”.
Investimentos
A realização da COP30 acelerou investimentos públicos e privados em infraestrutura em Belém. Entre eles, destacam-se:
- R$ 1,3 bilhão investidos pela Itaipu Binacional em obras de mobilidade, saneamento, parques e recuperação ambiental.
- Expansão do Porto de Outeiro para navios-hotel, abrindo 6 mil novas vagas de hospedagem e impulsionando o turismo fluvial.
- Criação do Centro de Inovação e Bioeconomia de Belém, que reunirá startups e fomentará negócios baseados em recursos naturais da Amazônia, alinhando desenvolvimento econômico e conservação.
- Ampliação de voos nacionais e internacionais, conectando Belém a mais destinos.
“A realização da COP30 em Belém trouxe consigo a enorme responsabilidade de sediar o maior evento de discussão sobre as mudanças climáticas do mundo, mas também abriu uma grande janela de oportunidades, a partir do olhar mais atento do Governo Federal para as necessidades de infraestrutura da cidade, oportunizando investimentos que elevarão Belém a outro patamar de desenvolvimento, para muito além da Conferência”, aponta a representante da ACP.
A bioeconomia é vista como pilar fundamental do novo modelo de desenvolvimento pós-COP. Estima-se que o setor possa movimentar até US$ 7,7 trilhões globalmente até 2030, e trazer R$ 40 bilhões ao PIB da Amazônia brasileira por ano, caso políticas sustentáveis sejam implementadas com inclusão social e promoção do conhecimento tradicional.
Desafios
Embora haja avanços, Elisabete reconhece desafios, principalmente quanto à capacidade de hospedagem, já que a rede hoteleira existente não comporta sozinha o público esperado. Alternativas em desenvolvimento incluem várias frentes de trabalho para ampliar o número das acomodações para o evento.
“Estamos contando com várias outras soluções, como: investimento em novos empreendimentos, navios transatlânticos adaptados como hotéis flutuantes, aluguel de imóveis por temporada, adaptação de escolas e universidades e a construção da ‘Vila Líderes’, com 405 suítes de alto padrão para chefes de Estado e delegações. Estamos desenvolvendo alternativas viáveis para acolher de forma adequada e segura, os nossos visitantes”, aponta Elisabete.
O futuro pós-COP30 de Belém e do Pará, segundo a líder empresarial, dependerá de consolidar avanços em sustentabilidade, inclusão social e geração de oportunidades para todos, transformando o cenário econômico e ambiental não só da cidade, mas de toda a Amazônia.
“Acredito que a Belém que ficará depois da COP30 será mais estruturada, mais conectada com o desenvolvimento sustentável e com potencial de viabilizar a transição para uma economia mais verde, inclusiva e sustentável.”
Sobre a Casa do Seguro
A Casa do Seguro estará situada em local muito próximo ao espaço oficial da COP30. Além da programação de conteúdo, promoverá iniciativas de responsabilidade social, prestigiando a economia e a mão de obra locais. O projeto é ambientalmente responsável e foi desenvolvido dentro dos conceitos de evento neutro e resíduo zero, prevendo ainda uso eficiente de água e energia.
Com o apoio de seus empoderadores – Allianz, AXA, MAPFRE, Marsh, Porto, Prudential, Tokio Marine e Marsh McLennann – a Casa funcionará em 1,6 mil m² de área útil, acomodando plenária com 100 lugares, seis salas de reunião, business lounges, estúdio para gravação de podcasts, sala de imprensa, espaço de convivência e área para exposições artísticas e apresentações culturais.
Na programação, destacam-se:
- debates e painéis temáticos;
- fóruns em parceria com entidades setoriais, organizações internacionais e contrapartes estrangeiras da CNseg;
- reuniões bilaterais;
- apresentação de produtos e serviços; e
- atividades culturais.
Alguns eixos vão pautar a agenda da Casa do Seguro, como a proteção social e dos investimentos, as finanças sustentáveis, a infraestrutura resiliente, a inteligência climática, seguros & agronegócio, a descarbonização da frota brasileira e como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável.