O mundo em desenvolvimento vive o dilema de crescer sem as melhores condições de sustentabilidade

31/07/2025 “Nós estamos vivendo um dilema global em que, de um lado, o mundo em desenvolvimento ou subdesenvolvido cresce e ele não cresce com as melhores condições de sustentabilidade normalmente. Depois ele vai atingir esse entendimento da sustentabilidade. E, do outro lado, a gente está fazendo ação climática pesada. Se não estivéssemos fazendo tudo o que se fez nos últimos dez anos, nós estaríamos numa situação em que o chamado tipping point provavelmente já tivesse sido atingido”. Com essa afirmação, o Climate Champion Dan Ioschpe iniciou sua participação no 4º Ciclo de Diálogos Institucionais da Casa do Seguro, promovido pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), em São Paulo, na sede da BrasilSeg. Afirmação foi feita pelo Climate Champion, Dan Ioschpe, durante 4º Ciclo de Diálogos Institucionais da Casa do Seguro Sobre os diferentes estágios de maturidade das ações de sustentabilidade, Dan ressaltou os momentos vividos pela China, que para dar um salto de desenvolvimento, precisou acelerar sua economia com brutal uso de carvão, mas que “agora eles estão entrando numa matriz de sustentabilidade que vai ajudar muito o planeta”. Ele ainda destacou sua preocupação com a Índia, que é um país que agora mais cresce no mundo e provavelmente vai passar por um percurso semelhante, e a África, que ainda nem começou esse ciclo de desenvolvimento mais acelerado. “A gente vai precisar então de muita ação climática para fazer frente a esse ambiente, para que a gente chegue lá no fim dessa década e no fim da próxima década em condições de ganhar esse jogo”, afirma. Dan destacou ainda o papel do setor segurador no enfrentamento dos efeitos da crise climática. Segundo ele, em virtude do volume de ações necessárias, e com o possível impacto das crises que irão ocorrer, será preciso muito dinheiro, em especial após a conclusão que se chegou de que se precisaria de um trilhão e trezentos bilhões de dólares por ano para fazer frente às demandas, ou seja, “há um gap de um trilhão de dólares por ano para fazer frente à estimativa, óbvio, do tamanho da ação climática e da resolução de danos que vem pela frente”. Ioschpe, convidado especial desta quarta edição, destacou a visão brasileira da conferência, focada em implementação de medidas para obtenção de resultados concretos, ressaltando o papel duplo do seguro: como protetor da sociedade contra os danos climáticos e como viabilizador financeiro da transição para uma economia sustentável. Segundo ele, a COP30 representará uma mudança de foco global: da criação de novos compromissos para a execução das mais de 475 iniciativas climáticas já existentes. Uma nova arquitetura de trabalho, com 30 objetivos-chave distribuídos em seis eixos, guiará os esforços para “desengargalar” projetos e acelerar a ação climática. “O romance aqui não vai ajudar em nada. É melhor a gente olhar sob um ponto de vista econômico”, afirmou Ioschpe, sinalizando que a sustentabilidade é uma rota inevitável para o desenvolvimento socioeconômico. Questionado sobre a viabilidade econômica do financiamento climático, Ioschpe citou o fundo TFFF (Tropical Forest Forever Fund) como um modelo que alinha retorno financeiro e propósito ambiental, mostrando que a sustentabilidade é também um grande negócio. O engajamento do setor industrial foi um tema central. Ioschpe defendeu uma “mesa ampla e inclusiva”, rejeitando a dicotomia entre “indústrias limpas e sujas” e convidando todos os setores a participarem da construção de soluções, como o aço verde. “Nosso papel é trazer todos para o caminho da sustentabilidade”, disse. A complexidade da transição justa foi reconhecida como um dos maiores desafios, exigindo um trabalho aprofundado nos grupos da COP para compatibilizar a transformação econômica com a proteção social e a preservação de empregos. Por fim, debateu-se a necessidade de o mercado segurador se aproximar de grandes projetos de infraestrutura. Representantes da CNseg e da plateia concordaram que a nova Lei de Licitações e a urgência climática criam um “imenso e gigantesco mercado” para o setor, que historicamente esteve distante desses riscos. A conclusão foi unânime: o momento exige que as empresas atuem como líderes, desenvolvendo os produtos e o conhecimento necessários para transformar risco climático em oportunidade de negócio e desenvolvimento para o Brasil. O Climate Champion, ou Campeão de Alto Nível do Clima da COP 30, é uma posição de apoio da Presidência da COP 30 na agenda de ação, liderando os esforços de ampliação e fortalecimento das ações climáticas voluntárias, iniciativas e coalizões para a implementação do Acordo de Paris. Sobre a Casa do Seguro A Casa do Seguro estará situada em local muito próximo ao espaço oficial da COP30. Além da programação de conteúdo, promoverá iniciativas de responsabilidade social, prestigiando a economia e a mão de obra locais. O projeto é ambientalmente responsável e foi desenvolvido dentro dos conceitos de evento neutro e resíduo zero, prevendo ainda uso eficiente de água e energia. Com o apoio de seus empoderadores – Allianz, AXA, MAPFRE, Marsh, Porto, Prudential, Tokio Marine e Marsh McLennann – a Casa funcionará em 1,6 mil m² de área útil, acomodando plenária com 100 lugares, seis salas de reunião, business lounges, estúdio para gravação de podcasts, sala de imprensa, espaço de convivência e área para exposições artísticas e apresentações culturais. Na programação, destacam-se: debates e painéis temáticos; fóruns em parceria com entidades setoriais, organizações internacionais e contrapartes estrangeiras da CNseg; reuniões bilaterais; apresentação de produtos e serviços; e atividades culturais. Alguns eixos vão pautar a agenda da Casa do Seguro, como a proteção social e dos investimentos, as finanças sustentáveis, a infraestrutura resiliente, a inteligência climática, seguros & agronegócio, a descarbonização da frota brasileira e como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável. 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