Adaptação climática para cidades exige estratégias de securitização da infraestrutura

A 5ª reunião do Ciclo de Diálogos Institucionais da Casa do Seguro na COP30, realizada pela CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros), destacou o tema “Clima, Cidades e COP30: a agenda estratégica do Brasil para adaptação e as boas práticas que serão levadas para a Conferência, em Belém”. O debate foi apresentado pelo diretor de Meio Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Maurício Guerra, no encontro que aconteceu em Brasília (DF).

O representante do MMA apresentou como as ações do governo federal, relacionados ao Plano Clima e o Projeto Cidades Verdes Resilientes, devem integrar iniciativas, incluindo o setor de seguros, para o enfrentamento efetivo das mudanças climáticas.

Maurício apontou que, dentro das ações do Plano Clima no eixo de adaptação, um dos objetivos é ter o planejamento territorial integrado com o fortalecimento da infraestrutura verde urbana (parques, áreas permeáveis, corredores ecológicos), com o intuito de reduzir enchentes, o efeito de ilhas de calor e melhorar a qualidade ambiental.

Dentro das metas, estão pontos como:

  • Desenvolver estratégia para securitização da infraestrutura urbana em áreas afetadas por desastres climáticos.
  • Incorporar diretrizes sobre medidas de adaptação em 100% dos programas de investimentos em infraestrutura e serviços nas cidades.
  • Criar um sistema de informações urbanas e territoriais que integre dados climáticos e de 100% dos setores da política urbana.
     

Ainda segundo ele, a falta de ação do Estado e de representantes da sociedade pode impactar os negócios e as soluções previstas para amenizar os impactos da transição do clima.

“O custo da inação está sendo precificado dentro das estratégias do plano de governo. Elementos que colaborem, sobretudo para a redução e o aumento da resiliência, terão de estar bem posicionados em relação a isso. Sem dúvida nenhuma, algo vai acontecer, e é preciso estar preparado para um acontecimento. Não podemos ter uma situação tão precária de atendimento à população quando ocorre um incidente, quando ocorre a catástrofe climática”, ressaltou Maurício Guerra.

A atenção do setor segurador sobre o tema

Durante o encontro, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, enfatizou a necessidade de o setor oferecer soluções de seguros para municípios e para viabilizar o financiamento privado de projetos.

“Nós temos um grande desafio nesta agenda climática e nós [o setor segurador] não podemos fugir desse desafio. Precisamos chegar nesta COP30 com um conjunto amplo de soluções tanto para cidades como para áreas rurais, viabilizando projetos sustentáveis. Isso inclui o desenvolvimento de seguros para reflorestamento, crédito de carbono, energia renovável, entre outros”, destacou.

Dados observados que devem ter impacto nas ações

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pesquisa as cidades do Brasil, cerca de 87% da população vive em áreas urbanas, e mais de 61% em concentrações urbanas por regiões metropolitanas. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que 93% das cidades brasileiras foram atingidas por desastres entre 2013 e 2022. Somente em 2023, foram registradas mais de 5 mil ocorrências, impactando mais de 23 milhões de pessoas no país.

Para complementar esses dados, os impactos causados na última década tiveram impacto em 4.708 municípios, que foram afetados por algum tipo de catástrofe (84,5% do total). Os prejuízos e danos materiais (públicos e privados) ultrapassaram R$ 455,5 bilhões. Mais de 1,7 milhão de moradias foram danificadas, somando mais de 293 mil destruídas. O impacto afetou mais de 324,6 milhões de brasileiros.

Iniciativas

A CNseg tem uma série de projetos voltados para a sustentabilidade, transição climática, mitigação e aumento de resiliência das cidades que serão trabalhados ao longo de 2025 em diversas esferas.

Para apresentar a extensa pauta de projetos de sustentabilidade do setor segurador para as principais autoridades globais, a CNseg terá uma participação muito importante durante a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro.

Para isso, a CNseg lançou um projeto inovador – a “Casa do Seguro” –, um espaço para a promoção do mercado de seguros, sua imagem e a conexão com a agenda de sustentabilidade global, destacando o papel do setor na proteção da sociedade e dos investimentos, no contexto da transição climática.

A Confederação também atua na esfera interfederativa, apresentando propostas para o enfrentamento das mudanças climáticas, como a implementação de um Seguro Social de Catástrofe. O projeto prevê indenizações emergenciais e auxílio funeral aos afetados por inundações, alagamentos ou desmoronamentos relacionados à chuva.

Outro exemplo é o projeto para o aumento da resiliência de infraestruturas estratégicas, que a CNseg vem discutindo com autoridades dos poderes executivos das três esferas de poder: Federal, Estadual e Municipal.

Sobre a Casa do Seguro

Casa do Seguro estará situada em local muito próximo ao espaço oficial da COP30. Além da programação de conteúdo, promoverá iniciativas de responsabilidade social, prestigiando a economia e a mão de obra locais. O projeto é ambientalmente responsável e foi desenvolvido dentro dos conceitos de evento neutro e resíduo zero, prevendo ainda uso eficiente de água e energia.

Com o apoio de seus empoderadores – AllianzAXA, Bradesco Seguros, MAPFRE, PortoPrudentialTokio Marine and Marsh McLennann –  a Casa funcionará em 1,6 mil m² de área útil, acomodando plenária com 100 lugares, seis salas de reunião, business lounges, estúdio para gravação de podcasts, sala de imprensa, espaço de convivência e área para exposições artísticas e apresentações culturais. 

Na programação, destacam-se:

  • debates e painéis temáticos;
  • fóruns em parceria com entidades setoriais, organizações internacionais e contrapartes estrangeiras da CNseg;
  • reuniões bilaterais;
  • apresentação de produtos e serviços; e
  • atividades culturais. 

 

Alguns eixos vão pautar a agenda da Casa do Seguro, como a proteção social e dos investimentos, as finanças sustentáveis, a infraestrutura resiliente, a inteligência climática, seguros & agronegócio, a descarbonização da frota brasileira e como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável.

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