Do compromisso à prática: como as seguradoras podem ajudar a construir um futuro mais sustentável?
- 24/06/2025
A construção de um mundo mais sustentável é uma responsabilidade urgente e compartilhada por toda a sociedade, incluindo governos, empresas e cidadãos. No Brasil, as seguradoras têm assumido um papel de destaque nessa transformação, incorporando a sustentabilidade como um pilar estratégico e atuando de forma pioneira para reduzir os impactos das mudanças climáticas, promover a economia circular e fomentar a inclusão social.
Na AXA, a sustentabilidade está integrada à estratégia institucional e de negócios da companhia, que opera globalmente com um compromisso sólido e mensurável. “No Brasil, um dos nossos pilares estratégicos é o AXA Verde, que consiste em acelerar a agenda de sustentabilidade através dos nossos negócios. Neste pilar reunimos todas as soluções com impacto ambiental direto”, diz Erika Medici, CEO da empresa.
Entre as iniciativas inovadoras está a oferta de celulares recondicionados aos clientes em casos de sinistro (ocorrência do risco previsto no contrato de seguro), uma medida que reduz o descarte de aparelhos eletrônicos e o consumo de recursos naturais. Veja um número: a produção de um smartphone convencional demanda entre 10 e 12 mil litros de água, o equivalente a um caminhão-pipa.
Ao optar por um celular recondicionado, o cliente não só contribui para a diminuição do lixo eletrônico, mas também recebe informações sobre o impacto positivo dessa escolha. Além disso, a AXA adaptou suas coberturas de seguro de riscos patrimoniais para atender clientes do setor de energia renovável, reforçando seu papel na transição energética brasileira e no fomento a fontes limpas.
Na Tokio Marine, a agenda ESG (ambiental, social e de governança) é tratada com igual seriedade e abrangência. André Cordeiro, superintendente de Estratégia de Mercado, Qualidade e ESG da companhia, destaca que a empresa destinou mais de 900 toneladas de veículos sinistrados para reciclagem. “Os recicladores decompõem os materiais dos veículos e os devolvem à indústria, o que fomenta a economia circular. Praticamente nada vai para aterro sanitário”, afirma Cordeiro.
No campo social, a Tokio Marine desenvolve o projeto “Sementes do Brasil”, que capacita jovens em situação de vulnerabilidade social, oferecendo treinamento e oportunidades reais de emprego, fortalecendo a inclusão e a mobilidade social.
A Mapfre possui um robusto plano de sustentabilidade para o período 2024-2026, que contempla desafios globais como as mudanças climáticas, a economia circular, o acesso ao seguro, a educação financeira e o envelhecimento populacional. “São 12 linhas de atuação com objetivos definidos e metas que buscam prevenir impactos negativos e potencializar os pontos positivos em relação à economia, meio ambiente e sociedade”, enfatiza Felipe Nascimento, CEO da Mapfre.
Entre as iniciativas, destacam-se a redução do consumo de energia, água e papel, a promoção do trabalho remoto, a renovação da frota para veículos mais sustentáveis e a diminuição das viagens corporativas. A meta para 2030 é reduzir em 50% a pegada de carbono da empresa em relação a 2019 e neutralizar as emissões restantes.
Com uma trajetória de 80 anos, a Porto também tem se consolidado como referência em sustentabilidade no setor. Patrícia Coimbra, diretora de Gente e Cultura, ressalta que a empresa integra os pilares ambiental, social e de governança em sua estratégia e cultura corporativa.
A Porto conta com um comitê de sustentabilidade que assessora o conselho de administração. “No âmbito social, intensificamos o programa de diversidade, equidade e inclusão, com 60 ações. Junto com o Instituto Porto fizemos investimentos em 7 programas sociais impactando mais de 35 mil pessoas”, destaca Coimbra.
No âmbito ambiental, a empresa opera a Renova, maior recicladora de automóveis do Brasil, que já reciclou cerca de 30 mil veículos e 1 milhão de peças, contribuindo significativamente para a redução do impacto ambiental do setor automotivo.
A Allianz Seguros também tem se destacado na agenda de descarbonização e mitigação dos riscos ambientais. Eduard Folch, CEO da Allianz Seguros no Brasil, destaca que a companhia assumiu compromissos importantes. “Temos subscritos cinco compromissos nos quais se destacam a hibridação da frota executiva, a utilização de energia renovável para os nossos prédios e a redução de consumo”, enumera Folch.
A empresa é signatária do Pacto Global da ONU e atua em diversas frentes para enfrentar as mudanças climáticas, promovendo práticas sustentáveis e inovadoras em seus negócios.
Ao adotar uma abordagem holística, que inclui desde a oferta de produtos ecoeficientes até o desenvolvimento de programas sociais, as empresas do setor de seguros com atuação no Brasil reforçam seu papel como agentes de transformação, contribuindo para um futuro mais sustentável, inclusivo e resiliente.
Como seguradora de vida, a Prudential enxerga a sustentabilidade de forma ampla e integrada, pois sabe que os impactos das mudanças climáticas afetam diretamente a saúde das pessoas, a qualidade de vida e, consequentemente, a longevidade da população.
“Estar na COP-30 é reafirmar o nosso compromisso com um futuro em que a proteção seja acessível. Seguimos firmes no propósito de ser uma companhia que protege pessoas. Com visão, responsabilidade e coragem para transformar”, afirma Gabriela Al-Cici, VP de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional da Prudential.
Seguros na COP 30
Iniciativa inédita no setor, a “Casa do Seguro” funcionará como uma central de discussões, com conexões entre o mercado de seguros e os demais setores econômicos, estimulando a convergência entre agentes públicos e privados, com ampla participação da sociedade civil.
A agenda da Casa do Seguro estará focada no papel do setor na gestão de riscos climáticos e no financiamento de iniciativas sustentáveis.
Na programação, destacam-se:
- debates e painéis temáticos;
- fóruns em parceria com entidades setoriais, organizações internacionais e contrapartes estrangeiras da CNseg;
- reuniões bilaterais;
- apresentação de produtos e serviços; e
- atividades culturais.
Alguns eixos vão pautar a agenda da Casa do Seguro, como a proteção social e dos investimentos, as finanças sustentáveis, a infraestrutura resiliente, a inteligência climática, seguros & agronegócio, a descarbonização da frota brasileira e como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável.
Para o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o mercado segurador tem um papel de destaque na transição para uma economia mais verde e resiliente, e a atuação do setor na COP30 refletirá a importância de suas contribuições, em um cenário de agravamento das mudanças climáticas.
“A Casa do Seguro será uma vitrine do nosso papel como facilitadores de inovação e mitigadores de riscos climáticos, reforçando nosso compromisso com o futuro sustentável do planeta. Esse projeto é o ponto alto de uma estratégia de posicionamento do setor segurador nas discussões climáticas que ganhou maior expressão a partir de 2023, na COP28, em Dubai, e estabelecerá um marco em Belém”, afirma.